12.11.07

Descargas

Domingo, 4 de Novembro, das Chãs, para Vale de Colmeias
Sexta-feira, 9 de Novembro, idem

3.11.07


Legenda:
Óculos de sol: 24 euros
Acesso a água: 8 euros

2.11.07



Estava na cozinha quando ouvi um corvo. Fui à porta espreitá-lo; passava nesse momento sobre mim, as patas recolhidas, uma seta negra no céu azul. Fez-se silêncio de maravilhamento. O único som audível era o das asas a cortar o ar.

26.10.07

Descargas para o Vale

25 de Outubro - das 22:00h até às 6:00h da manhã de hoje.
24 de Outubro - das 23:00h em diante...
23 de Outubro - das 22:00h em diante...
20 de Outubro - das 23:00h em diante...
17 de Outubro - das 23:00h em diante...

Qualquer comentário é supérfluo. Até este.

13.10.07

O site do Rui Pedro - www.ruipedro.net


www.ruipedro.net

Este é o site com informações sobre o Rui Pedro. Divulguem, por favor. Vamos sair da "zona de conforto" e ajudar, não ser indiferentes ou omissos.

Mais uma descarga de água

Na madrugada de ontem. Ainda corria, forte, às 06.30h.
Quando a Câmara de Miranda, a Junta de Freguesia de Semide e a população da aldeia estão informadas, quando a GNR tem conhecimento, mais o Ministério do Ambiente e não sei quantas mais instituições, não entendo como esta situação pode continuar.
E aí estão fontes e poços contaminados - os mesmos que regam as hortas familiares e aquelas que fornecem produtos para os mercados. Para não falar do próprio solo, que no fim das descargas está empapado em viscosidades.
Para se ter uma ideia, uma análise de água nesta situação deve incluir pesquisa de detergentes, medicamentos (excretados, não um simples atirar de comrpimidos para o esgoto), etc. Para bom entendedor...

11.10.07

Tres-Malhada

A Malhada, uma das minhas gatas, não dormiu em casa. Gosto que os animais estejam dentro de casa, seguros, quando me vou deitar.
Adoptei a postura cool, ela estaria a passear pelos campos da aldeia, a espreitar os ratos e outros bichos. Passados dez minutos ouço a portada da varanda a mexer, acendo a luz esperançada; era o vento. Apago a luz; pareceu-me ouvir miar, acendo a luz; não, afinal era um cão, longe. Apago novamente a luz. Os vizinhos vão pensar que estou a fazer código morse.
O Pingo aparece à porta da varanda. Levanto-me ao mesmo tempo que acendo o candeeiro, abro-lhe a porta e entra apressado para debaixo da cama; deito-me; suspeito da animação em que está e espreito: um pequeno rato, já morto. Levanto-me, vou à cozinha buscar a pá do lixo e a vassoura e recolho o pequeno animal: é mínimo, magro; digo: "Pingo feio, coitadinho do ratinho!" e vou à cozinha pousar a pá no chão; penso que corro o risco de o gato o ir buscar novamente, mas não me apetece nada ir à rua, deitar o bicho no quintal (não gosto de deitar estes animaizitos no lixo, parece-me um desrespeito para com a natureza...).
De manhã, bem cedo, acordo: nem sinal da Malhada. Começo a sentir uma pequena angústia; e se foi atropelada? e se foi apanhada por um cão? e se sente doente? Vou à varanda a chamo: nada!
Vou acendendo as luzes e abrindo portas. Chego à cozinha e a pá do lixo está vazia; claro, o Pingo já comeu o rato... Distribuo comida pela cadela e pelos gatos, ligo a máquina do café, vou à rua, junto ao portão chamar pela tres-Malhada; insisto, dou um salto para a rua, ainda de pijama e chinelos. Finalmente vejo-a; vem a correr, feliz, rua acima. Deixa cair alguma coisa (um rato, claro), volta a apanhá-lo e corre na minha direcção. O ratito que traz, não sendo muito grande, é gordíssimo; sinto pena dele. A gata está com a barriga redonda, deve ter passado a noite a comer. Não a deixo entrar em casa com o rato e fecho-lhe portas e janelas, enquanto vou tomar banho. Finalmente deixo-a entrar, já deve ter comido o bicho ou largou-o em qualquer lado. Vem contente, com saudades da dona.
Salta para a cama, já feita, e aninha-se, enrolada. Tenho a certeza de que sorri. São oito da manhã, horas de ir trabalhar.

29.7.07

Hoje a lua está cheia


A mais espantosa lua, cor de mel, sobe no céu do lado da serra da Lousã.
É de ficar com a respiração presa, tão grande é a emoção que provoca.
Para os esotéricos interessados nos Anjos da Kabbalah, MELAHEL está de serviço, trazendo-nos os dons da cura.
Para mais informação, ver http://www.outrasartes.com/23resumo

O meu novo parceiro de casa


Tenho um novo habitante na casa - um morcego.
De manhã muito cedo, com o sol a bater na janela do quarto, pensei fechar a portada.
Aí estava ele, preso à parede, negríssimo, talvez com menos de 10 cm de diâmetro. Encostei novamente a portada à parede, não fosse ele morrer ou qualquer outra coisa que a imaginação dite...
Fiquei muito contente.

Hoje fiz um bolo; daqueles que não têm nome.
Vai-se juntando um conjunto de ingredientes básicos, respeitando algumas proporções... e aí está: um bolo. Há muito que não tenho paciência para seguir receitas. Este levou alguns ingredientes que as chamadas pessoas "normais" não usam nos bolos.
Mas antes fiz leite de soja, que usei no bolo. O restante será utilizado para beber e incorporar noutras receitas. Tenho uma máquina óptima que prepara 1 litro de "leite" em 20 minutos com um custo inimaginável - qualquer coisa como 0,20€/L. Mais que qualquer outra coisa, gosto de fazer tofu (a um preço irrisório) e utilizar a okara para incorporar em receitas. A okara é o polme de soja resultante do processo.
Depois fui apanhar amoras; em menos de 15 minutos apanhei uma pequena quantidade que cobriu o fundo do recipiente que levava. Limpei-as e congelei-as; quando tiver mais faço uma compota; ou um gelado (feito com leite de soja, para desespero de alguns).

Despejos de novo

Não, não foi um intervalo... Ainda pensei que algo tivesse mudado, já não ouvia descargas há algum tempo.
Hoje, às 4 da manhã, lá estava, inconfundível, o barulho dos esgotos, monte abaixo. Pelo menos não podem ser acusados de preguiça, começam a trabalhar cedo... ou deitam-se tarde.
Apetece ter um megafone e gritar-lhes, monte acima!
Quanto às "autoridades", nada de novo. Não há resposta a queixas, não há informação por parte da comissão de moradores. E entretanto os terrenos vizinhos mudaram de dono: adivinhe-se quem comprou!

28.7.07

Dou por mim a segurar a caneca de café com as duas mãos, com o olhar fixo num pedaço de céu, de azul intensíssimo (a caminho de transcendente) recortado pelas copas de pinheiros. Estou como que em suspenso; só vejo azul brilhante recortado por verde profundo, tudo o resto escorregou para fora do campo de visão.

Fixo o sentimento no meu coração; é uma das muitas vezes em que me sinto abençoada.

Despertar

Ontem à noite decidi: amanhã vou dormir um pouquinho mais! E pus o telemóvel a despertar para as 9 da manhã.
Hoje, acordei devagarinho, com o sol a entrar pelo quarto. Uma luz dourada, quente, envolvente e deixei-me estar, contente por me sentir descansada, semi-cerrando os olhos. Nem dois minutos depois a minha cadela decidiu acordar, vigorosamente como sempre.
Entre espirros e tossidelas (agora desenvolveu uma rinite - cães da cidade...)veio "acordar" a dona, como faz todos os dias: dá saltos nas quatro patas, faz uns barulhos que são um misto de latido e rosnadela e sempre que pode sobe para a cama. Hoje começou por pôr as patas dianteiras no bordo da cama, espreguiçou-se "para cima" e aproveitou o movimento para colocar a primeira pata traseira na cama; depois, num impulso suave colocou a segunda pata na cama ao mesmo tempo que se deitava parcialmente em cima de mim. Ficou com o focinho apoiado na minha cabeça. Ri-me. Eram 7 e vinte da manhã.
Como sempre, trato dos animais primeiro; aliás, não teria qualquer sossego se não o fizesse. Abro a porta para a varanda, ponho biscoitos nas tigelas dos gatos, a caminho da cozinha levo uma dose de ração para a cadela, misturo-lhe os remédios na comida, encho a tigela com água, ponho café numa caneca e aqueço-a no micro-ondas. Tudo sincronizado para imediatamente a seguir vir à rua, caneca de café na mão, em pijama, enquanto a cadela "goes make her business".
Fico normalmente num local onde girando sobre mim proópria, vou seguindo o percurso da Névoa, somente vigiando, enquanto perambula pelo quintal. Encosta o nariz ao chão e vai seguindo uma rota que invariavelmente a leva para a zona do pomar e onde pode apanhar fruta no chão e comer; é uma gulosa e sobretudo uma comilona. A enorme macieira está a perder imensas maçãs, ainda verdes; e a minha cadela passa o dia a mordiscar Bravo de Esmolfe que a dona ainda não teve a chance de provar.

27.7.07

Palestra Agricultura Biológica

Agricultura Biológica
Palestra apresentada pela Engª Elsa Canavarro (Escola Superior Agrária de Coimbra)

Sábado, 28 de Julho às 15.30 horas
No Café Falcão - Vale de Colmeias

Participe e seja solidário:
Traga 1 pacote de leite meio-gordo ou 1 pacote de cereais para o pequeno-almoço. Estes donativos são para a Comunidade Juvenil S. Francisco de Assis, que acolhe 60 jovens.

25.7.07

A palavra espalhou-se rapidamente e numa semana a Com. Juvenil S. Francisco de Assis, em Eiras, recebeu dádivas em cereais e leite que asseguram os pequenos-almoços e lanches até Setembro. A quem apoiou, um enorme obrigada.
Um novo pedido surgiu: azeite, óleo, produtos de higiene (champô, pasta dentífrica, gel banho, sabonetes, papel higiénico...). A Comunidade abriga 60 crianças e jovens até aos 18 anos.
Podem entregar os vossos donativos na Comunidade - Vale do Seixo, Eiras - ao cuidado da Madre Teresa.
Os contactos da Comunidade: Comunidade Juvenil Francisco de Assis - Vale do Seixo - 3020-085 Coimbra | telefone 239 826 351 | NIB Caixa Geral de Depósitos 0035 0255 00185136630 69

Não se deixem desanimar pelo que "não podem fazer": cada contributo é importante!
Já agora: tudo o que damos volta a nós multiplicado. Partilhar, para além de uma questão de responsabilidade social, é sobretudo uma demonstração de confiança na abundância divina e um acto espiritual. Cada acto de partilha (recomendo vivamente o dízimo)é um depósito no nosso "banco espiritual".
Um grande abraço!

25.6.07

Água que corre, solo contaminado

Hoje, 07:30 horas.
E sempre, sempre associada, a figura, lá no alto, de um homem que espera.

15.6.07

Nova descarga

Terminou às 8.00 da manhã, não sei a que horas começou.

14.6.07

E corre...

Desde as 10 da noite, nova descarga.
Fala-se, na aldeia, em milhares de litros de cada vez que se faz uma descarga.
(e não, esta não é a imagem real da "cascata" que tenho ao fundo do terreno - nem sequer versão photoshop)

O medo... aquela sensação pegajosa

Retirei a foto do post anterior...
Mas vale a pena recordar uma notícia: http://jn.sapo.pt/2006/06/21/centro/linhas_aguas_poluidas_geram_controve.html

11.6.07

Guerra bacteriológica

No sábado, pouco passava das dez da noite, ouvi-a.

Uma cascata, som abafado pelas ervas, corria novamente monte abaixo. Quase duas horas depois, às 11:34h, ainda corria.

Acabou-se o processo de paz, voltámos a ser atingidos. Isto é guerra bacteriológica.

A imagem, de autor anónimo - sim, porque as pessoas sentem medo - foi feita no mesmo local, há um ano.

Não me conformo. Nem sequer com o medo que a população alimenta. Todos têm medo dos papões. Ainda não perceberam que o monstro cresce e se alimenta do próprio medo.

18.5.07

Há cowboys no vale

Confesso que estou bem impressionada.
Quando me dirigia ao carro deparei com um homem alto, estático, a olhar para mim. Registei que usava um chapéu de cowboy.
"Que susto", disse-lhe, "nao contava encontrar ninguém aqui."
Veio oferecer-me uma laranjeira de jardim, que segurava com o braço estendido na minha direcçao.
Perguntei-lhe o nome. Identifiquei-o imediatamente, já me tinham falado dele.
Agradeci-lhe, de coraçao.
Este gesto recuperou o meu bom humor.

29.4.07

La cabra


Hoje de manha passou um rebanho de cabras junto à minha porta, a caminho dos quintais vizinhos. O cheiro, coitadas... é insuportável. Dizem-me que as cobras nao o suportam e por isso devo arranjar uma. Veremos.

21.4.07

Claude Monet, "Impressão do nascer do sol"
Levantei-me às 7.30h.
Uma hora depois, já o sol vai alto, bebo o café fumegante ao computador. A minha linda cadela, pousa o focinho em cima da mesa e fixa-me com um olhar... lembro-me de um anúncio publicitário que diz que somos deus para o nosso cao. Mas os animais também nos salvam, com o seu amor incondicional.

18.4.07

Tomate temperado

Plantar tomateiros junto de cidreira ou funcho faz com que o tomate tenha melhor sabor.

Receita para combater pragas

Num armário, arca ou num compartimento, numa telha (sic) colocar carvao e queimar açúcar, para matar o bicho da madeira.
Idem, com folhas de eucalipto.
Fechar o móvel ou compartimento, depois arejar.
Dizem que é infalível mas nao prejudica pessoas ou animais domésticos.

Notícias da quinta I

Levei menos de duas horas para plantar o meu "cento" de cebolo, 3 pepineiros, aí umas vinte alfaces, um molho de morangueiros e outro molho de tomate "coraçao de boi".
Seguindo as instruçoes recebidas de manha de uma das vizinhas, arranjei uns ramos (no caso, de pinheiro), "construí" uma armaçao e cobri de palha (ervas secas que estavam numa pilha). Aparentemente o tomateiro é sensível ao sol - deve ficar corado, sei lá...
As alfaces, essas plantei-as com cores alternadas: uma roxa, uma verde, ao longo do muro da horta; talvez fiquem mais protegidas do sol... talvez fiquem mais a jeito de serem comidas pelos bichos que lá andam.
Tenho mais de metade da horta ocupada.
Ok, a obra até está a correr bem... os barrotes estao bons, o isolamento também, a maior parte das ripas de apoio das telhas também.
A Nevoa gosta do operário ucraniano, chamado Igor. Sempre que sai à rua vai ter com ele. Parece-me boa pessoa; calmo, respeitador. Interrogo-me sobre a história de vida dele; terá cá a família? Sente-se bem tratado pelos portugueses? Nao consigo ficar indiferente à vida das pessoas. Por vezes tenho que me lembrar que nós, humanos, temos uma boa capacidade de resistencia e recuperaçao.
O mestre de obras, um portugues chamado Fernando é também calmo, mas um nadinha desconfiado e tímido. Deixei-os à vontade para comerem fruta do pomar, mas quando lhes ofereci café, de certeza que achou muito estranho.

Um cento é uma centena

Em Miranda do Corvo, há mercado às quartas. É grande e variado, como é suposto um mercado ser.
Comprei um regador de 20L com chuveirinho, obedecendo à minha vizinha I. É o melhor para regar canteiros acabados de semear e plantinhas pequenas. Custou-me 5 euros, nao achei caro.
Procurei cebolo (de onde nascem as cebolas... há cebolo, cebolas, cebolinho, cebolinhas... já começo a distinguir) mas só vendem "centos"; pergunto à vendedora "isto é muito, nao é?!" e levo logo a resposta: "Entao um cento é uma centena, sao cem..." (Duuhh!) Passadas 2 horas, lá me decidi pelo "cento"; talvez sejam menos...

Tosse suína

Se o porco está com tosse, dá-se-lhe pele de cobra misturada com a comida.

16.4.07

Antenas de telemóveis afectam vida das abelhas

Einstein terá dito em tempos: "se as abelhas desaparecerem, ao homem restarão apenas quatro anos de vida". Esta previsão catastrofista, associada à mais recente explicação científica para o actual e repentino declínio das colónias de abelhas, não traz boas notícias para a sobrevivência da espécie humana. A teoria é surpreendente. Mas pode ajudar a explicar um dos fenómenos naturais mais misteriosos de sempre: o desaparecimento súbito de muitas comunidades de abelhas. Os cientistas acreditam que na radiação dos telemóveis e outros aparelhos do género pode estar a causa deste problema que começou nos Estados Unidos no Outono, já se espalhou pela Europa, atingindo agora vários países, entre os quais Portugal. Há dias, discutiu-se a sua chegada ou não a Inglaterra. John Chapple, um dos maiores apicultores de Londres anunciou recentemente que 23 das suas 40 colmeias foram, repentinamente, abandonadas.

Segundos os investigadores, a radiação dos telefones móveis interfere com o sistema de navegação das abelhas e outros insectos, impossibilitando-as de encontrar o caminho de regresso à colmeia. O declínio da comunidade ocorre quando os habitantes da colmeia desaparecem subitamente, deixando apenas as rainhas, os ovos e alguns imaturos trabalhadores. Quanto às abelhas mortas, nunca são encontradas, estimando-se que morram longe de casa.
Segundos os investigadores, a radiação dos telefones móveis interfere com o sistema de navegação das abelhas e outros insectos, impossibilitando-as de encontrar o caminho de regresso à colmeia. O declínio da comunidade ocorre quando os habitantes da colmeia desaparecem subitamente, deixando apenas as rainhas, os ovos e alguns imaturos trabalhadores. Quanto às abelhas mortas, nunca são encontradas, estimando-se que morram longe de casa.

Mais estranho ainda, os parasitas e outras abelhas que costumam atacar o mel e o pólen deixado para trás quando a colmeia se desfaz, nestes casos, recusam-se a fazê-lo.As explicações para este fenómeno estão por desvendar completamente, embora circulem várias teorias, desde o uso de pesticidas, ao aquecimento global, passando pelas culturas de organismos geneticamente modificados.Investigadores alemães já demonstraram que o comportamento das abelhas se altera na proximidade das linhas de electricidade. Agora um estudo americano liderado por Jochen Kuhn provou que as abelhas se recusam a regressar à colmeia quando estão perto de telemóveis. Kuhn considera que esta é uma causa possível. Mas o autor de uma investigação anterior, George Carlo, prefere mostrar-se mesmo convicto de que esta hipótese é real.A confirmar-se, este fenómeno terá implicações graves nas colheitas em todo o mundo. Uma vez que a maioria das culturas precisa do processo de polinização realizado pelas abelhas, urge tentar encontrar causas para o fenómeno. Os dados já são preocupantes: metade dos estados americanos estão a ser afectados.

in DN 16 de Abril de 2007

Notícias da quinta

Em curtíssimas sessoes agrícolas, fiz hoje tres novos canteiros de feijao de soja, feijao azuki e lentilhas. Sao todos de origem biológica, espero que nasçam.
As cebolinhas nasceram quase todas e a batata também já está a nascer.

Cobras e lagartos

Lagartos nem os vi. Agora as cobras deixaram um rasto de peles; aparentemente sao várias, há peles de todos os tamanhos, uma delas com cerca de 1 metro.
Aparentemente alojaram-se no espaço entre o forro de madeira e o isolamento. Espero que saiam antes de ser colocada a subtelha.
Nunca pensei viver tao, tao perto da natureza...
Ok, finalmente chegaram; dois homens. O mestre, homem educado e calmo, é portugues; o outro é ucraniano, mais velho, grande bigode branco e olhos azuis.
Parecem saber pouco do que há para fazer. Tenho que repetir-lhes o que ando a dizer ao engenheiro há meses...
O portugues comenta que há vespas e tem problemas com bichos... Levanta uma telha, larga-a e recua rapidamente. Tinha visto uma cobra - diz ele que enorme - debaixo das telhas. Tento controlar a histeria e afasto-me, rapidamente, do local, com a Névoa pela trela.
O ucraniano vai ao carro e volta com uma marreta; nao tem medo de cobras e diz que trata dela. Uma vizinha garante-me que nao há víboras aqui. Volto junto dos homens e peço-lhes para, se puderem, nao matarem a cobra e largarem-na noutro lado. O ucraniano percebe e diz-me que sim. Aponta para a Névoa, levanta os dois polegares em sinal de ok e diz: "Cao bom"; respondo com o mesmo gesto e digo-lhe: "É verdade, é uma boa cadela."
A cobra fugiu para outro lado do telhado; fecho portas e janelas, nao vá ela entrar.
Estou no piso de baixo a desejar estar noutro lado qualquer.

Será hoje?

É hoje. Aguardo desde as oito da manha.
....
....
E aguardo....
A obra que deveria começar às 8.30h ainda nao começou... Sao dez da manha e nem sinal de trolhas...

7.4.07

A Malhada, a minha gata de doze anos, senta-se ao meu colo sempre que tem oportunidade. Quase todos os posts sao escritos a "quatro patas"...
A curva do braço, quando escrevo, é perfeita para apoiar a cabeça e ronronar.
Imagem: Maggie Taylor, Something to do, © 2005
Levantei-me tarde; já passava das 9 horas. Quando me levanto tarde fico mal-disposta, como se deprimisse. Passei quase duas horas na cozinha; a máquina de lavar louça está avariada. Pior que lavar louça é arranjar um sítio para a por a escorrer; dentro da máquina parece-me uma boa ideia.
Ontem, na feira de Semide, comprei plantinhas para a horta. A horta fica longe da casa e ainda nao tenho motor de rega; a melhor soluçao é limpar um pouco de terreno junto ao pomar. Passados vinte minutos estava pronta para tirar a camisola e mudar para uma t-shirt.
O trabalho na terra é duro, pelo menos para quem nao está habituado a tanto esforço.
Ainda nao "conheço" bem as ferramentas, daí que experimento várias para uma mesma tarefa. A foice nao corta, auxilia-me no arranque das ervas... ou nao está afiada ou eu tenho muito pouco jeito para isto. O que vale é que a terra é fofa; sacudo as raízes, para que os torroes se soltem.
Vou amontoando as ervas um pouco mais abaixo, com um ancinho. Esta é a tarefa mais fácil, nao há nada a saber; com o impulso do ancinho a bola de ervas rola terreno abaixo.
A cadela deitou-se no caminho de terra fofa, a apanhar sol; fechou os olhos e mantém um sorriso - sim, os caes também sorriem, ao contrário de várias pessoas que conheço. A confiança é total e fica indiferente à passagem, perto, da enxada.
Nao consigo trabalhar mais do que uma hora, tenho mesmo que parar.

6.4.07

Água

É sexta-feira Santa, 6 de Abril de 2007.
Quando o sino da igreja de Vale de Colmeias bate as 8.00 horas da manha já eu estou na rua a passear a cadela.
Ouço, do lado do quintal, um ruído que já se tornou familiar: corre água.
No cimo do monte vejo que alguém lá está parado, virado para o vale.
Corro para casa, largo os chinelos no chao e calço as botas de borracha. Agarro num garrafao de água vazio e sigo em direcçao ao fundo do terreno.
Paro, protejo os olhos do sol e fico parada a olhar para a figura no alto do monte, talvez avaliando o que estou para fazer, talvez marcando a minha presença; galgo tres quintais, finalmente avanço pelas ervas altas em direcçao à cascata, que corre à minha frente. Curvo um joelho, encosto o bocal do garrafao ao curso de água e encho-o.
Estou ainda nauseada pelo esforço despendido, a asma faz-se ouvir a cada respiraçao.

5.4.07

Energia solar

O amigo de um amigo, que trabalha com energias renováveis, foi ver a casa.
Achou excelente a exposição, mas não me recomenda a instalação de painéis solares. Na opinião dele não compensa o investimento...
Diz-me que a manutenção é cara, com os componentes metálicos a enferrujarem... os tubos a entupir...
Não é animador. Reciclar e poupar não é exactamente de graça.
De longe, no cimo da aldeia, mostro a casa à M. "Vê, olha a casa da tia lá em baixo."
"Aquela é que é a tua casa, tia? Parece uma vivenda!" "Bem", respondo, "uma vivenda é uma casa... sem outras casas ao lado..." digo eu a pensar que tinha que consultar o dicionário.
"Mas tia, é uma casa de ricos e tu não és rica..." Percebo o que queria dizer com "vivenda". Digo-lhe que os antigos donos eram ricos... "A tia tem é sorte".

3.4.07

Água

"Os tubos de descarga são abertos durante a madrugada, deixando que os resíduos escorram livremente pelos terrenos e se infiltrem nas nascentes que abastecem o lugar" (JN, Quarta-feira, 21 de Junho de 2006).

À noite, umas vezes pelas 10.00 horas, outras vezes mais cedo, a cascata nocturna faz-se ouvir ao fundo do meu quintal.

Batata de sofá?

Em Inglês, "couch potatoe"...
Imaginem-se enfiados no sofá, bem gordos, a transbordar... e a ver tv.

Dependências

Finalmente acabei com a televisão por cabo. Quando penso no dinheiro que gastei durante anos... prefiro não pensar.
Muitas vezes disse que tinha que acabar com o vício da televisão: perde-se tempo, perde-se dinheiro e acabava sempre por ver os mesmos dois ou três canais.
Comprei uma antena interior (afinal não sou tão determinada) e tenho uma recepção óptima dos chamados "canais terrestres" (pensei que vinham pelo ar...) - lá ao longe, mesmo em frente e sem qualquer obstáculo que se interponha, estão as antenas retransmissoras.

Superstição

"Esta eu passo até para 60.000 pessoas" diz o header do e-mail que recebo. O remetente é conhecido, abro a mensagem.
Sinto-me enganada.
Enviaram-me um "anjo do dinheiro" que fará a minha fortuna completa e permanente... só tenho que o enviar a 6 amigos.

2.4.07

Silêncio


Logo de manhã ouvem-se os pássaros. Chilreios, trinados, bateres de asas. Não consigo identificá-los todos.
Ontem um grupo pousou numa das oliveiras, em grande animação. Diz-me o QZ que são verdelhões.
Mais audível que os pássaros é o barulho das motoserras que abatem as árvores dos montes em volta. Dois anos depois dos incêndios, a paisagem enche-se de troncos alinhados, prontos para serem levados.

Chove

Pois é, a casa é velhota...
E como tal precisa de uma série de arranjos - se é que se pode chamar "arranjo" a um telhado novo.
O dia marcado era hoje. Mas chove. Consulto a meteorologia: o bom tempo retorna na 4ª feira e promete durar até 2ª feira; pelo meio apanha a 6ª feira Santa, o sábado e o domingo. E lá vão mais três dias de sol perdidos. Perdidos não, que os compromissos religiosos são sagrados... Os centros comerciais agradecem.

31.3.07

Broa

Ontem, a minha vizinha fez pao. Nesta zona chamam "broa" a um pao com uma pequena percentagem de farinha de milho. A codea é a de um pao normal, mas quando se corta apercebemo-nos da textura que a farinha de milho lhe dá.
Tive direito a uma broa, ainda quente, que cheirava a forno de lenha.

Tools of the trade

Fiz como os outros. Fui para a horta; com as chaves de casa, uma garrafa de água, o telemóvel (sim, o telemóvel!...) e a minha enxada, acabadinha de comprar. Felizmente nao levei os óculos escuros - seria um tudo-nada exagerado...
Os homens avaliam a minha enxada. Sao mais tímidos que as mulheres e só falam comigo depois de algum tempo. Comentam o cabo envernizado, a lamina limpa. Um deles aproxima-se e pega-lhe; esboça um sorriso. "O que foi?" pergunto desconfiada? "Fiz uma compra péssima?"

"Não, não; até que não é má. Quanto custou?"

"Quanto acha que vale?" atiro-lhe.

"Bem, uma boa enxada..." Interrompo, com medo das comparações: "Uma boa enxada não, uma enxada normal...". "Bem, uma Belota (é uma marca espanhola de alfaias) custa-lhe aí uns treze euros."

Aliviada, digo-lhe que comprei a minha por seis euros, no Continente. É uma Tramontina, brasileira. Gostei do texto gravado no cabo: Brasil - reflorestamento.

Direito de passagem

Fui muito bem recebida na aldeia. Os vizinhos que sao amigos partilham as tarefas do campo, porque nao há ninguém disponível para trabalhar. O trabalho é pesado e deve ser mal pago.
Entao eu, num golpe de sorte, fui incluída neste circuito.
Primeiro perguntei ao senhor A., que tem quintais perto de minha casa, se me podia lavrar o terreno, pagando. Disse-me que ficava tao agradecido por eu querer manter a horta limpa - durante anos, as silvas encheram o meu terreno e galgavam os muros - que o tractor ficava por conta dele.
Recusei; afinal, nao quero dar-lhe despesa.
Avaliou-me rapidamente com o olhar e fez-me uma proposta: "Se me deixar usar este carreiro, lavro-lhe a horta e nao tem que se preocupar com o tractor."
Aceitei, agradecida; sei que a passagem pelo carreiro lhe poupa um esforço extra para chegar ao quintal.
E acrescentou: "Depois ponho-lhe lá algum feijao e tomate..."

Vai plantar batatas...

Há uma semana, precisamente, os proprietários da hortas vizinhas foram plantar batatas.
Nao, a sério, foram mesmo plantar batatas.
E eu fui com eles...

she loves me... she loves me not...

A Névoa, dependente como sao os caes, tenta enfiar-se em baixo da mesa do escritório - "escritório" é o nome que dou ao espaço de 4m2 onde consegui enfiar duas estantes, uma micro-mesa de cozinha que serve de secretária e alguns caixotes ainda empilhados. Nao consegue, o espaço é demasiado pequeno para os cerca de 40 kgs que pesa.
Em alternativa deitou-se ao meu lado, enfiando as patas da frente e o focinho entre as rodas da minha cadeira. Ainda nao dorme mas respira profunda e pausadamente.
Os animais tem isto de espectacular - é tudo deles... sobretudo a dona. Nao tem dúvidas ("she loves me... she loves me not...") e as cenas de ciúmes sao raras. Cadela e gatos convivem em franca harmonia, até que o factor "comida" entre em jogo.
Já ressona. E agora, pela janela, vejo a chuva cair.

É sábado


O despertador começou a tocar às 7h15m. Ainda tentei ignorá-lo mas realmente é um desperdício ficar na cama quando tenho toda uma aldeia para descobrir.
Só se ouvem os pássaros; consigo apenas identificar o som dos corvos - lindos, sobrevoam o vale em grupos de 2 e 3 - e o que me parecem ser pica-paus - nao sabia que existiam pica-paus em Portugal...
Alguns pássaros estao a fazer ninho na sebe da frente - significa que nao vou poder apará-la tao cedo.
Tenho jarros no jardim - ou como a Wikipedia explica, "planta da família das aráceas". A foto vem da mesma fonte - nao consigo copiar as fotos do meu telemóvel.

30.3.07

Quem manda aqui?!

A casa estava desabitada há um ano. Muitos mais teve de descuido.
Os insectos reclamaram a propriedade e nas primeiras visitas eu entrava devagarinho, olhando para as paredes e tectos, à espera de ver que aranhas e outros companheiros por lá andariam - a medo, claro.
Uma vez, mal abri a porta vi na parede em frente uma centopeia descomunal - achei eu; mas media uns bons 10 cm de comprimento, negra. Fugiu parede fora e refugiou-se na sala do fundo. Ainda hoje olho atentamente, à espera de a encontrar; mentalmente, estabeleço as várias estratégias - passam normalmente por bater em retirada e ter a esperança de que o tempo de vida dela esteja a terminar.
Nas visitas seguintes optei por bater à porta primeiro: "Vou entrar, escondam-se..."
Agora decidi reclamar o meu direito de propriedade: "Quem manda aqui?!" Mas continuo a pôr as aranhas na rua, esperando que não voltem.

20.3.07

Na primeira visita "oficial" à casa, fui recebida pela D. Maria do Carmo, que repetia "Parabéns, parabéns, muitos parabéns" enquanto juntava as mãos num aplauso sem som; foi o primeiro sorriso de Vale de Colmeias.
Desde então, visita-me para me trazer grelos "de couve e de nabo", tangerinas acabadas de apanhar e umas "batatitas" por ela plantadas.
Mantemos conversa de vizinhas - pergunto-lhe pela família, se vai esta semana à feira. Por vezes, de manhã muito cedo, fala-me da janela, ao longe; não a vejo, o sol levanta-se exactamente naquela direcção. Dá-me indicaçoes - "aqui, da janela da minha cozinha..." Respondo com um acenar de braço, para que seja visível e um "bom-dia, como está?".

A mudança

Mudei de casa. Levou-me três dias de trabalho intenso, com a ajuda de amigos. Depois, mais duas semanas a tansportar "os restos", aquilo que ainda não decidi dar ou deitar fora. Os livros, o material de escritório, o número infindável de pastas, ficheiros, arquivos de todo o tipo...
Adio novamente a decisão... É preciso mudar, depois escolho...