31.3.07

Direito de passagem

Fui muito bem recebida na aldeia. Os vizinhos que sao amigos partilham as tarefas do campo, porque nao há ninguém disponível para trabalhar. O trabalho é pesado e deve ser mal pago.
Entao eu, num golpe de sorte, fui incluída neste circuito.
Primeiro perguntei ao senhor A., que tem quintais perto de minha casa, se me podia lavrar o terreno, pagando. Disse-me que ficava tao agradecido por eu querer manter a horta limpa - durante anos, as silvas encheram o meu terreno e galgavam os muros - que o tractor ficava por conta dele.
Recusei; afinal, nao quero dar-lhe despesa.
Avaliou-me rapidamente com o olhar e fez-me uma proposta: "Se me deixar usar este carreiro, lavro-lhe a horta e nao tem que se preocupar com o tractor."
Aceitei, agradecida; sei que a passagem pelo carreiro lhe poupa um esforço extra para chegar ao quintal.
E acrescentou: "Depois ponho-lhe lá algum feijao e tomate..."

Sem comentários: