23.5.09

Caminhos de Ferro Portugueses

Devo ter sido escolhida para servir de exemplo! Fui multada pela CP - mais correctamente, foi-me levantado um "auto de notícia" e aplicaram-me uma "coima" no valor de 25 vezes o valor do bilhete.
Desloquei-me ao Porto, em trabalho, no dia 15. Escolhi ir de combóio, com uma colega; emitimos e pagámos os bilhetes através do site da CP (aliás como faço sempre que viajo a nível pessoal). Por qualquer erro - ao escolhermos outros lugares? - os bilhetes foram emitidos com a data do dia 12 e com regresso marcado para o dia 15 (em que era suposto ir, não voltar). Os bilhetes foram impressos e imediatamente arquivados no dossier que levaríamos connosco. Não pensámos em verificar os bilhetes e por isso, na sexta-feira, à hora marcada, apanhámos o combóio previsto - um Alfa. Logo à entrada no combóio algo parecia não estar bem, porque não encontrávamos a carrugem que tínhamos escolhido; ao chegarmos aos nossos lugares, estes estavam ocupados por outros passageiros. Perguntámos a dois revisores (não estavam de serviço) que entraram em Coimbra connosco se sabiam dizer o que se passava.
Ao olharem para os nossos bilhetes disseram-nos que aquele não era o nosso combóio e que deveríamos falar com o "colega de serviço". Enquanto o combóio iniciava a marcha dirigimo-nos para a parte de trás da carruagem, para procurarmos o revisor; no momento em que o encontrámos disse-lhe: "estamos com problemas com os nossos bilhetes". Viu os bilhetes, disse-nos que viajávamos sem "título de transporte válido", pediu-nos as identificações, não nos deixou falar, agiu sempre com ar ditatorial.
Foi tudo muito desagradável, senti-me tratada como um ladrãozeco de 5ª categoria, apanhado a furtar... galinhas?....
Como tentámos argumentar com a nossa inocência no processo - não foi propositado, foi acidental, etc. - disse-me do alto do seu metro e meio: "posso ou não contar com a sua cooperação?". Pedi-lhe para comprar novos bilhetes a bordo - disse não ser possível. Foi para qualquer outro lado emitir os "autos de notícia", reapareceu já estávamos a chegar a Gaia, dizendo que tínhamos até à estação de Gaia para assinar os autos.
Achei - não tenho formação em Direito - que se assinasse o auto estaria a dar-me como culpada e recusei-me a fazê-lo (sim, já sei, erro meu...). Informou-me, com toda a carruagem a olhar para nós, que a partir daquele momento eu era "arguida" (creio que deve ter sentido um frémito de prazer ao dizê-lo, quem sabe um sonho escondido de usar um pequenino bigode, bater calcanhares e esticar o braço).
Podia ter-nos deixado sair em Aveiro, de forma a baixar o montante da coima. Não o fez. Apresentámos reclamação na estação de Campanhã. Contactei mais tarde a CP em Coimbra, que fez um contacto para o Porto. Finalmente recebi um telefonema da CP no Porto, dizendo que o senhor funcionário era "muuuuuito profissional e muuuuuito simpático" e que "há passageiros que se exaltam e falam em voz alta e gritam"; perguntei à senhora em questão se se referia a mim; aparentemente não...
Aguardo a notificação em casa; ontem terminava o prazo legal para pagar a multa com 20% de desconto: ainda assim seriam mais de trezentos euros de coima. Há anos que não tenho esse valor disponível para férias ou para mudar pneus ou para fazer reparações em casa.

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